O banhista potiguar atacado por um tubarão no domingo (15), na Praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife, veio em busca de emprego em Pernambuco e, de acordo com amigos, foi avisado dos riscos de mergulhar na área, especialmente com o tempo chuvoso. De acordo com o Corpo de Bombeiros, a época chuvosa, especialmente no segundo trimestre do ano, é um dos períodos que mais propiciam a incidência dos ataques.
Pablo Diego Inácio de Melo, 34 anos, estava em Pernambuco desde janeiro deste ano. No domingo, ele passou por cerca de quatro horas de cirurgia para amputação da perna direita. Segundo o hospital, ele segue internado em estado grave nesta segunda-feira (16), respirando com a ajuda de aparelhos e sendo medicado com drogas vasoativas.
Diego, como é chamado pelos amigos, decidiu ir à praia com outros dois colegas, mesmo com o tempo chuvoso.
“Foi a segunda vez que ele foi à praia aqui. O pessoal que estava com ele conhecia a situação, avisou. Ele estava ciente do risco, de que não deveria ir para muito fundo. Também havia placas dizendo que era área de risco, principalmente porque a maré estava cheia”, disse o microempreendedor Leandro do Nascimento, amigo da vítima.
Chefe de comunicação do Corpo de Bombeiros, o major Aldo Silva explicou que, em períodos em que há maior propensão aos ataques de tubarão, é preciso dobrar a atenção e seguir dicas de segurança. Nos locais sinalizados com placas que informam sobre os riscos de ataques, a população deve evitar o banho de mar.
“A incidência é bastante alta neste período, porque a água está turva e o tempo está nublado. Mesmo que, com o passar do dia, fique ensolarado, não dá tempo de ficar com a transparência natural. O tubarão tem uma visão turva por natureza. Não por acaso, na época em que o surf era permitido nesta área, eles confundiam muito surfistas com as tartarugas, que fazem parte da cadeia alimentar deles”, disse Major Aldo.
Ainda segundo os Bombeiros, além dos fatores ambientais, a ação humana também pode atrair os animais.
“Água no umbigo é sinal de perigo, tanto para possíveis afogamentos quanto outros incidentes. Já tivemos acidentes com tubarões com água abaixo do joelho. Por exemplo, uma mulher que foi urinar, pensando que estava segura, mas a urina atrai o tubarão, assim como o sangue. Materiais cintilantes, como anéis e relógios, também são fator de risco”.
- O ataque
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o chamado para socorrer Pablo Diego foi feito às 14h38. O incidente aconteceu na altura da Igrejinha de Piedade. Depois dos primeiros socorros feitos por duas equipes de bombeiros, a vítima foi levada de helicóptero ao Hospital da Restauração, onde teve a perna direita amputada.
O paciente teve ainda o braço direito revascularizado, por causa da extensão da lesão. A revascularização é feita quando as veias e artérias são unidas para restabelecer a circulação sanguínea. O paciente está internado na UTI, respirando com ajuda de aparelhos e usando drogas vasoativas para manter a pressão arterial. O estado dele é considerado gravíssimo.
As informações foram repassadas pela Secretaria de Saúde do Estado (SES) e os procedimentos foram realizados no Hospital da Restauração, no bairro do Derby, área central do Recife, por uma equipe formada por médicos traumatologistas, cirurgiões vasculares e anestesistas. Os cirurgiões ainda trataram de diversos ferimentos nos dois braços.
De acordo com o oficial de operações do Grupamento Marítimo (GBmar) que participou do atendimento, capitão Arthur Leone, o homem estava numa área sinalizada por placas. Segundo ele, o homem estava com água na altura da cintura e provavelmente foi mordido primeiro na perna, tentou se defender e em seguida foi mordido nos braços.
Dois outros homens que estavam na água junto com Pablo ajudaram a retirá-lo do mar. Ele foi resgatado consciente. O Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) vai realizar uma análise do caso. No dia 7 de abril de 2018, o Cemit havia atingido a marca de três anos sem incidentes registrados no continente. Os três últimos casos haviam sido registrados em Fernando de Noronha.
Fonte: G1

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