22 de março de 2018

1 em cada 6 cidades do Brasil corre risco hídrico, segundo dado apresentado no Fórum Mundial da Água

  Pelo menos 917 municípios brasileiros apresentam algum risco relacionado à seca e à falta d’água. O número corresponde a 16% do total de cidades do país, ou uma a cada seis. O dado foi apresentado nesta terça-feira (20), pelo ministro da Integração Nacional Helder Barbalho, no segundo dia do Fórum Mundial da Água, em Brasília.
  O levantamento se refere aos municípios que tiveram situação de emergência reconhecida pelo governo federal nos últimos 180 dias, até esta terça (20). Isso significa que essas prefeituras pediram ajuda à União para lidar com a estiagem – e que o número real pode ser maior, já que nem todos os gestores locais tomam essa atitude.
  O número foi citado no painel “Crise Hídrica no Brasil”, que mostrou a representantes de mais de 170 países, as soluções inovadores aplicadas pelos governos do Distrito Federal e São Paulo no enfrentamento à crise hídrica.

Príncipe herdeiro do Japão, acompanhado do governador Rollemberg do DF e do presidente da Adasa, visita exposição durante 8º Fórum Mundial da Água (Foto: Andre Borges/Agencia Brasilia | Fonte: G1)
  Como exemplo de boas práticas na superação da crise, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), citou o programa Produtor de Água – que concede incentivos financeiros a produtores rurais -, a revitalização de canais do DF que “têm ajudado a aumentar o volume de água da bacia do Descoberto”, além de investimentos em obras de drenagem e saneamento.
  Na mesa assistida pelo príncipe herdeiro do Japão, Naruhito, Rollemberg afirmou que, apesar da crise financeira enfrentada pelo GDF, “o governo conseguiu liberar financiamento de R$ 20 milhões destinados ao saneamento, obras de tratamento de água e infraestrutura urbana de drenagem pluvial”.
  A fala do governador se refere à crise hídrica enfrentada há pouco mais de um ano pelo Distrito Federal, considerada uma das piores da história desde a criação de Brasília, em 1960. Os moradores da capital enfrentam rodízio de água desde janeiro de 2017.

Gráfico que compara chuva, entrada de água no Descoberto e volume do reservatório (Foto: G1)

  Na última medição, na segunda-feira (9), o reservatório do Descoberto atingiu 67,8% da capacidade; o de Santa Maria alcançou 46,5%. No pior momento, eles atingiram volume de 5,3% e 21,8%, respectivamente.
  Ainda sobre à escassez de água, o representante do Buriti voltou a afirmar que o racionamento no DF pode chegar ao fim ainda neste ano. A previsão, segundo ele, poderá ser precisada a partir de “meados de maio”, quando chega ao fim o período de chuvas na região.

“Vai depender da estabilização das barragens do Descoberto e de Santa Maria. Tendo uma previsão mais próxima, poderemos vislumbrar, com segurança, uma data para saída do racionamento.”

  Esta é, pelo menos, a terceira vez que o governador Rollemberg faz previsões sobre o fim do rodízio de água na capital do país.

Governador Geraldo Alckmin falou durante debate sobre crise hídrica, no 8º Fórum Mundial da Água, em Brasília (Foto: Marília Marques | Via: G1)
  No mesmo painel, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), falou como o estado superou a escassez de água em 2014. Há quatro anos, choveu na região metade do volume de chuvas que foi registrado em 1953. Até então, o ano era considerado o de maior seca do último século.
  Na época, a Sabesp, companhia paulista de abastecimento, passou a puxar a água que ficava abaixo dos canos de captação, no chamado volume morto, e reduziu a pressão nas bombas - o que fez com que partes da cidade ficassem desabastecidas. Também houve campanhas para a redução do consumo.
  Em dezembro de 2015, com a volta das chuvas, o Cantareira saiu finalmente do volume morto. O governo paulista atribuiu a crise à forte seca que atingiu a região, mas uma missão da ONU criticou as autoridades estaduais por falta de investimentos e planejamento adequados.
  Nos últimos anos, a situação das represas melhorou, mas especialistas afirmam que a possibilidade de uma nova crise segue presente.
  Como medidas inovadoras para superação das dificuldades, Alckmin citou a redução da perda física de água, conseguida a partir de um financiamento ofertado pelo governo japonês. O valor foi aplicado na substituição da tubulação das cidades. “Com a mudança, SP está chegando ao nível europeu de perda d’água”, pontuou.
  Sobre saneamento, Alckmin propôs o fim da tributação sobre a água e esgotamento sanitário.

“Não tem sentido, governar é escolher. A minha proposta é que não haja tributação sobre saneamento básico, para que esses recursos ajudassem no investimento de garantia da segurança hídrica e saneamento.”

  Na segunda (19), primeiro dia do Fórum Mundial da Água, o presidente Michel Temer afirmou que o governo federal trabalha em um projeto de lei cujo objetivo é “modernizar” o marco regulatório do saneamento básico. O presidente não detalhou a proposta nem informou quando pretende enviá-la ao Congresso Nacional.

“Nossa atenção volta-se com muita naturalidade para o saneamento, em que tanto ainda resta por fazer. Nós estamos ultimando projeto de lei com vistas a modernizar nosso marco regulatório de saneamento e incentivar novos investimentos, o que nos move naturalmente a busca da universalização desse serviço básico”, disse Temer.

Via: G1 

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